terça-feira, 3 de agosto de 2010

MOVIMENTO ABRE RODAS - PARQUE DE PITUAÇU - 01/08/2010

* Por Ricota (Suzy)

Olá corações de palhaços,


Com imenso prazer que agradeço a abertura deste movimento abre rodas pra toda a comunidade claunesca.
Mais um abre rodas que participo e cresço com esta possibilidade de interação.


Participaram da roda, além de mim: Igor, Duda e Zé Diego.


Inicialmente chuvendo e nós na espreita de cessar a chuva e partir para praça. A chuva parou e deu nós na fita de Pituaçu. Apresentamos para um público pequeno, mas participativo, eu e Dudu fizemos a limonada e Zé Diego e Igor fizeram o número novo que eles estão criando... O público foi pequeno, mas participativo, o chapéu foi pequeno , mas significativo, uma pessoa deu uma nota de R$ 20,00 - comprovamos que o discusso inspirado do chapéu pode funcionar.


* Por Caxambó

Dia lindo, chuvoso e tudo o mais. Tempo nublado como sempre tem sido em Salvador esses tempos. No parque eu , Espeto (Zé Diego), Pernácio (Duda) e Ricota (Suzi) - Infelizmente não deu pra Didi Siriguela e Grokninho virem por conta da Chuva.

Enquanto esperávamos acabar o treinamento do bombeiro que estava acontecendo no Quisosque Central do Parque, percebemos que não tinha quase público nenhum por conta da chuva. Decidimos então colocar a roupa e fazer nossa função no Abre-Rodas. 

Conversamos que o Abre - Rodas tem uma função que vai além do se apresentar, mas de ser uma troca, um momento de pesquisa coletiva, de encontro, de amor , de encontro de corações de palhaços também. 


Decidimos fazer um ensaio aberto. A intenção é que iríamos trocar um com o outro, mostrando o que intencionamos apresentar e de repente as poucas pessoas que tinham por ali no parque (vendedores, alguns passeantes etc.) poderiam usufruir da graça do palhaço. Por outro lado não voltaríamos pra casa com o ar brochado de quem foi fazer palhaço e no final não fez...

Nos maqueiamos, já vestidos, começamos uma inquietação na merma hora dos bombeiros terminando um treinamento de primeiros socorros...já começamos a treinar um malabares, pandeirinho, falar alto...o bombeiro chefe - professor chamou-nos atenção e pediu silêncio. Foi engraçado, enguli.

Eles acabaram, começamos. Enquanto organizávamos as coisas os paspalhos parodiavam os primeiros socorros dados por uma palhaço e outro palhaço...que figuras!!!!


 Propus ali na hora e como bons paspalhos todos disseram sim. Fizemos na abertura um "que legal" a 4 narizes("Que Legal" é um exercício de palhaço que leva a uma improvisação livre no intuito de acessar um estado de consciência dilatada própria de uma palhaço). Foi muito forte e interessante. De repente começou a brotar mais alguns públicos, poucos mas significativos para promover o nosso ensaio aberto à condição de apresentação. 

O que legal gerou até pequenas cenas improvisadas e, principalmente, muita dilatação!!!! Dentro do "que legal," sentindo a coisa na intuição e no improviso  convoquei Espeto para começarmos nosso número que estamos construindo. Foi muito orgânica a ligação com o "Que Legal". 

Espeto tentando ensinar a Caxambó como se toca pandeiro e muita paspalhice surgindo na relação, inclusive uma briga paspalha com direito a golpes surreais. Um número que estamos construindo à base da improvisação diretamente jogada ao público, à vera, a fishe, na real, no risco. Surgiram muitas coisas novas, interessantes...

Depois veio a dupla Ricota e Pernácio , que compõem a Cia. de Palhaço Orgânico. Fizeram o número clássico "A Limonada". Muito interessante a desenvoltura de ambos. Percebe-se que estão indo pra rua, exercitando. Estão brincando no número, na relação com o público e melhor, recriando a estrutura clássica da Limonada, se apropriando.

Imediatamente contrariei o parceiro Espeto porque estava combinando de fazer outro número, mas senti que a hora do chapéu era naquele momento, antes que todos fossem. Já era hora de pedirmos o chapéu. Puxei Remendado(o pequeno violão de Caxambó) e mandei brasa com o Repente Final.


Canturia, discurso de Chapéu, quando olhei camaradas, uma amarelinha de 20 conto. A graça agradou alguém bastante!!!Poucas pessoas estavam ali, mas agradadas. É essa a missão do palhaço, é um agradar qualitativo. Estávamos nos divertindo entre nós e com isso com pouco público ou muito sempre será bom.


Ao final, sentamos ali mesmo e fomos tirando maquiagem e trocando idéias. Conversamos sobre a arte do palhaço e a sala e da necessidade da rua como objetivo de trabalho de nós palhaços. Houveram discussões aprofundadas com divergências, convergências, opiniões e escutamentos.

No final concluímos ligeiramente que a rua é realmente um ótimo exercício para qualificar o palhaço, porém todos concordamos que é também o lugar ideal para a arte na medida em que arriscamos mais na rua, e temos mais oportunidade de quebrar o espetáculo.


Foi discutido sobre esse termo :"espetáculo" e de como o palhaço tem uma missão política de assumir o lugar do espetáculo para romper com a lógica do espetáculo.  Foi citada a crítica à Sociedade do espetáculo de Guy Debord (Internacional Situacionista). 


A questão é que nós palhaços temos que ter muito cuidado com a sala. Uma sala é um espaço muito pequeno para o palhaço. Ensaiar na sala e levar a sala para a rua, mantendo um espetáculo sempre muito seguro, com interações muito programadas, quebra a possibilidade do não esperado. Isso mata uma parte extremamente importante na arte do palhaço.


Estar fragilizado diante do público, sem se preocupar com a fama, o nome. Fazer uma merda de vez em quando num processo criativo, isso é experimentar o verdadeiro estado do perdedor. Se acostumamos a sempre triunfar, o palhaço morre em nós, na medida em que a vaidade ganha força. Quando engulimos exercitamos a humildade.


Certa vez o Mestre Chacovaci disse que no começo da carreira nós experimentamos muitas situações ruins e que depois quando vamos ficando afiados experimentamos cada vez mais situações boas. Quando estamos experimentando situações somente boas devemos, como palhaços, procurar alguma situação ruim para aprender com ela.










 





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