quarta-feira, 4 de agosto de 2010

MOVIMENTO ABRE RODAS -DIQUE DO TORÓRÓ E CAMPO GRANDE 01/08/10

* Por Santin Bufanda (Santiago Harris)

Amigos irmãos parceiros palhaços morando em Equador, França e Brasil:
Este texto é pra lhes contar minhas novidades e pra ser compartido com as pessoas que integram uma lista de e-mails de um movimento na cidade de Salvador chamado “movimento abre-rodas”. 

Gente da lista do movimento abre-rodas, este e-mail foi pensado originalmente pra compartir as minhas impressões com as pessoas de meu grupo de palhaços em Equador e França, mas achei boa idéia fazer um só comunicado e assim começamos nos conhecer e reconhecer. Aproveito pra agradecer as pessoas que me conhecem aqui pela boa energia e amor recebidos. Muito obrigado!
 
Aqui, no outro oceano, leste leste leste de latino-américa, a última semana de julho também termina com um domingo primeiro de agosto. No meio da cidade península de três milhões de habitantes, tem um lago. Três palhaços e uma palhaça se encontram. No meio do lago tem esculturas de deuses africanos.

Esta vez a chuva fez regar intentos musicais que faziam chover mais cada vez que floresciam. Pandeiro, flautas e casú chamaram a presença de três meninos moradores de perto do dique. A brincadeira foi criada: “!vamos fazer musica! Segura o ritmo, improvisa uma melodia, nada da certo, todo flui, tum tum tum tum tum tururum tum tum!, praa prrra prá prá prá prrrrrraaaaa! Hoje têm palhaço têm.. no dique de toroô no dique de tororôÔÔ! Tiriruuu tiriiii triruuuu tiriiiiiii” Um menino ao se depedir falou: “No proximo domingo trago meu cavaquinho e mais intrumentos e a gente faz musica”.

Enoke Sabiá diz que não teve apresentaçao ou roda de palhaços, mas a missão foi realizada, manter o encontro de palhaços e o intento de criar uma cultura de presença de palhaços todos os domingos no Dique e no Parque de Pituaçu. E na tarde  na praça de Campo Grande.

Marco Farrapa convidou almoçar na sua casa, passamos por casa de Danila Cochinha e caminhamos trocando idéias.
 
Saímos tocando e cantando quatro cidadãos aquecendo a atitude, a voz e o coração. Gostoso improviso nas ruas umedecidas até chegar em Campo Grande. Organizada, situada e chamado, números, clássicos de circo, improviso, risadas, besteiras, aplausos e chuva forte com noite às seis da tarde.

Agradecimentos, reflexões molhadas, crianças ainda ao redor, impressões diferentes. A mais dos vazios técnicos por ser encontros - apresentações que não são ensaiadas, a intensidade de conhecimentos compartilhados, criada ao longo do dia, parece-me uma muito boa fonte de aprendizagem, uma escola na que todos somos alunos e professores. Um espaço aberto para nos questionar, subverter a ordem estabelecida e nos movimentar por dentro. Aberto pra aquele que tenha curiosidade e coragem. E o que acho mais interessante é que é um espaço aberto para treino dos palhaços que querem aprender diretamente na rua.

Pra ir dormir tranqüilo e sem peso, vou soltar estas velhas perguntas minhas e outras que estão emergindo nas conversas entre a galera que ta chegando nestes dias maravilhosos, algumas respondem perguntando:

¿Tenho um palhaço ou sou um palhaço? 
¿Que faz um movimento ser um movimento? 
¿O palhaço é movimento? ¿
Como aprender a ser palhaço? 
¿Para que e para quem ser ou estar ou brincar ou criar um palhaço? 
¿Porque virou tão popular? 
¿Em que ideologias se sustentam tantos processos de “formação”, “iniciação”, “aprendizados” de palhaço ao redor do mundo? 
¿Ser profissional vem da palavra “professar”? 
¿Hoje profissional é aquele que diz o que faz e faz o que diz?
¿Quem é e quem não é palhaço profissional? 
¿Quantas realidades e verdades diversas existem na historia e no mundo do palhaço de hoje? 
¿Porque alguns palhaços dizem que outros palhaços não são palhaços? 
¿Porque clown e palhaço não são, mais sim são a mesma coisa? 
¿Porque e para que quero seguir sendo palhaço? 
¿Por que me incomodam algumas destas perguntas? 
¿Deveríamos saber as respostas de todas? 
¿Que é o que verdadeiramente estou procurando no mundo do palhaço? 
¿Por que me sentir questionado me aproxima a uma sensação de palhaço? 
¿Por que alguns procedimentos terapêuticos, especialmente os corporais, são tão parecidos a algumas metodologias de acesso ao palhaço? 
¿Por que e para que procurar no palhaço uma fonte de novas e ilimitadas possibilidades de ação e consciência? 
¿Será que posso alcançar uma “libertação” pessoal e social através da prática de palhaço? 

Acredito como possível que o palhaço e seus diversos caminhos possam ser uma opção poderosa e profunda de educação e evolução social libertaria!
Se alguém tem e quer dar uma resposta a alguma das perguntas lançadas, seria de muita ajuda pra mim (por minha pesquisa do mestrado) e para abrir rodas de conversa com outras pessoas que estão em “movimento”.
Gracias. Abraços y masagens na alma.

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