“não há de ser
forte, há de ser flexível”
Ditado Chinês
A verdadeira educação surge quando há uma plena
comunicação entre pais filhos e isso só pode ser alcançado se os adultos
aproveitarem o surgimento desses novos seres no mundo como algo sagrado, capaz
de transformar o cotidiano e levar as pessoas a estados de espírito elevados,
através da inocência. Os adultos que se rendem à inocência de seus filhos serão
premiados com uma relação de amor e companheirismo que ultrapassa a relação de
pai e filho. Através da ludicidade pode se atingir a verdadeira obediência,
aquela que surge da compreensão, da cientificação, do entendimento real das
causas dessa obediência. A verdadeira obediência surge através do amor.
A arte do palhaço tem muito
a contribuir para a relação entre pais e filhos nesse sentido. Aqueles que
ingressam numa pesquisa desta arte compreendem o quanto a brincadeira é coisa
séria, e como através do lúdico podemos chegar a infinitas possibilidades de
comunicação humana. Através do brincar, do prazer de estar presente, e de uma
das finalidades, o riso, o ser humano atinge um estado de relaxamento tão necessário
para a consecução do aprendizado.
Pearce no seu livro, a Criança Mágica, explica que o processo de aprendizado
envolve necessária e inevitavelmente o stress
que acontece naturalmente ao se visitar o desconhecido que são as novas
informações. Porém, para a assimilação dessas novas informações é fundamental o
momento de relaxamento. Para se atingir o estado de
relaxamento é necessário o vínculo emocional que faça os filhos se sentirem totalmente
seguros com os pais. Através do vínculo, da aceitação do erro, os pais podem
atingir um alto nível de comunicação com seus filhos e a partir daí conectar-se
à sua lógica de pensamento e agir dentro desta lógica para comunicá-los as
regras do mundo que estão a descobrir, sem expressões de violência e sem
coibição dos sentidos.
A arte do palhaço é a arte
do erro. O palhaço é aquele que erra, aquele que não se adéqua e que ri da sua
não adequação. O palhaço denuncia uma realidade humana muito comum. Cada ser humano
é um indivíduo singular, como dizia Caetano Veloso, “de perto ninguém é
normal”, mas o processo de escolarização da sociedade quer formar exércitos de
trabalhadores, disponíveis, obedientes ao sistema, mas desobedientes a suas
próprias causas, a suas próprias vocações. O palhaço é aquele personagem que
dilata as características humanas, comuns, inadequadas à massificação da
sociedade industrial e, através do riso, pede licença à sociedade para tentar
se adequar, mas nunca consegue. As pessoas não podem condená-lo pelo ato de
rebeldia, porque o palhaço realmente tenta se adequar, mas nunca consegue. No
meio do caminho um tropeço, ou as calças caem e ele fica nu, ou ele bate a
cabeça num poste. Dessa maneira nos leva a refletir sobre uma característica
que é abafada e reprimida, uma característica plenamente humana.
Lindo!
ResponderExcluir