segunda-feira, 23 de setembro de 2013

PéDe Circo - o mais importante são as pessoas

*texto por Caxambó
fotos by Arjuna Iúa

Essa semana que passou tivemos a oportunidade de receber um artista que está viajando de São Paulo para o Nordeste do Brasil de bicicleta. 

Prontamente , em contato nas redes sociais, através de outros amigos, do MAR de Palhaços, movimento que a Cia Pé na Terra faz parte, pudemos oferecer estadia. 


 O processo de trocas foi incrível. Rafael Trevo, o palhaço Trevolino (http://vimeo.com/68211876)compôs a programação no Parque de Pituaçu do nosso projeto PéDe Circo no Parque. 

Com essa vinda dele ficou muito clara a razão de ser da arte em nossas vidas. Aquelas reflexões que a gente tem quando nosso cotidiano sai da inércia sabe?


Sempre tivemos uma relação com a arte que vai além do espetáculo. Mas de que espetáculo estamos falando? Do espetáculo que o capitalismo criou para a vida da sociedade de consumo. Daquele espetáculo em que tudo se encontra pronto para ser consumido e que gera uma cultura em que o consumidor só é ativo no ato de consumir, e se prostra diante dos produtos da sociedade industrializada. 


A sociedade do espetáculo evoluiu de tal maneira , com apoio da TV que hj é o máximo de passividade humana chega no pensar. Não pensamos, não criamos. 



A criatividade não é bem vinda na sociedade do espetáculo. O resultado é que vivemos uma vida vazia, cheia de aparência espetacular, mas sem essência real que corresponda.


A Cia pé na Terra sempre foi um projeto de vivenciar o palhaço no cotidiano, por isso fizemos o PéDe Circo no Parque. 



A ação de enraizamento do artista de rua no espaço público passou a fazer sentido quando passamos a viver o cotidiano do território que atuamos e passamos a gerar outras interações como personalidades locais.


Com a passagem de Trevolino por aqui pudemos avistar outra maneira de vivenciar uma contra-sociedade do espetáculo. O cara vem viajando de bike, seguindo o pulsar de seu coração. Fazendo arte de rua e conectando com as pessoas.


Logo pude perceber a complementariedade do processo entre nós. Sedentários e nômades podem juntos construir outra sociedade. 

A terra é sedentária, a pedra é sedentária. A água de uma lagoa é sedentária...

O vento é nômade, a água de um rio ou cachoeira é nômade...

Compomos juntos um mesmo projeto, ele passando de bike, parando aqui, trocando com a gente. Nós fomos ponto de apoio e isso nos deu prazer porque o nômade traz algo em sua experiência que é intangível. 

Um universo de possibilidades se formou no encontro e descobrimos que esse é o sentido do PéDe Circo no Parque, e a consciência veio quando conversávamos descontraidamente, trocando idéias sobre a função, sobre o projeto PéDe Circo, sobre o MAR de Palhaços, sobre a viagem, a arte de rua, o palhaço e a rua...

E Trevo disse assim "venho percebendo que o mais importante são as pessoas e não os lugares!" e tudo fez sentido para nós. Esse é o sentido. 

na sociedade do espetáculo as pessoas são a coisa menos importante. O mais importante é o produto, o resultado, a imagem, a aparência.

Com a arte, sendo aqueles que enraizam, ou aqueles que viajam por aí, estamos criando conexões, estamos focando e atuando para pessoas. E esse é o sentido da coisa.

O importante são as pessoas!!!

2 comentários:

  1. Concordo muito com sua reflexão, o mais importante são as pessoas. As pessoas são os verdadeiros lugares por onde passamos. Parabéns pelos passos do Pé na Terra que cresce a cada passo que dá. E ao Trevo que compartilhou sua presença com vcs.

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    1. valeu Demian!!!Esse espaço de Pituaçu se tornou sagrado pra nós e então passamos a entender com mais clareza o porquê. É justamente por conta da teia de relações que se construiu a partir do palhaço. é muito profundo. Queremos lançar o PéDe Circo no Parque no intento. Estamos esperando vc mano. Sua presença é muito querida por nós. Abração e um beijo no nariz.

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