terça-feira, 27 de julho de 2010

SOBRE O MOVIMENTO ABRE RODAS


Mais que um movimento para única e exclusivamente abrir rodas de palhaços, é primeiramente, um movimento de encontro de palhaços. São dias e horários específicos onde sabemos/saberemos que naquele determinado local/dia/hora diversos palhaços se encontrarão, não apenas para executar a função através da apresentação de números em rodas, mas executar, antes de qualquer coisa, a função de nos encontrar para podemos transformar a nós mesmos.

Outro importantíssimo espaço que compete ao Abre Rodas são os encontros para as discussões e entendimentos sobre nossas filosofias enquanto artistas de rua; sobre a função do palhaço de transformação da alma e de sua missão que é estabelecer esta transformação nos locais que precisam de luz, de amor; sobre a função do bufão, e seu  lugar de total liberdade como um feto que nasce em nós antes do palhaço, ao qual nós palhaços, como seres em constante transgressão de nós mesmo, podemos vir a retornar, mas que como seres conscientes que somos, chegamos ao lugar do bufão com a consciência do palhaço/artista implicado socialmente nesta transformação das almas - e primeiramente a nossa própria.  



O Movimento Abre Rodas é um espaço de formação. Formação para a arte e sobre a filosofia que compete a essa arte. Hoje conta com a coordenação de Thiago Enoque Sabiá e Caxambó, mas é necessário que outros palhaços se comprometam com o intento de assumir as frentes que são criadas junto a este movimento. Um dos intuitos do Movimento Abre Rodas é justamente gerar essa formação, para que outros possam ir assumindo o lugar de coordenação das rodas e passando a experiência para os que chegam depois. A cada novo lugar que uma roda é aberta, precisamos de palhaços para assumir estes locais, independente de quem esteve ali inicialmente gerando o intento de abertura. precisamos de palhaços engajados na continuidade das funções.

Acerca da função que nos cabe, a da transformação das almas, e da nossa missão, que é estabelecer esta transformação onde se necessita de luz e amor, também é importante criar uma consciência sobre nosso lugar enquanto artistas de rua, fomentadores de uma nova cultura política-sócio- filosófica, que se volta para um movimento de emancipação dos moldes e padrões do sistema capitalista. Entendemos que não buscamos com o nosso fazer nos tornarmos "emergente", reformadores desse sistema neo-liberal- imperialista, Mas que através das nossas funções, devemos contornar o paradigma dominante entendendo que, assim como na mola propulsora do sistema há uma dedicação cotidiana à sua manutenção, nós, artistas e artistas de rua, devemos nos conscientizar de que precisamos nos dedicar cotidianamente à construção de estratégias de emancipação, de trabalho semanal, para assim, construir um sistema econômico-polí tico-cultural paralelo.

Temos que educar cotidianamente a sociedade na qual estamos inseridos em relação à existência da arte de rua, e fazê-los entender, que assim como é digno de nós estamos ali a trabalhar, é digno que as pessoas paguem pela graça recebida por eles através da nossa função. Temos que nos fortalecer enquanto irmãos, irmandade. SOMOS UM MOVIMENTO E ESTAMOS APRENDENDO COM ELE. Isto quer dizer, que como movimento, já se trata de algo que segue e cresce, e nesse crescimento aprendemos as estratégias para seguirmos e nos profissionalizarmos.

Como é um movimento inicial para todos nós, pensamos então de abrirmos nossas caixas de ferramenta para fortalecer nossas ações. Para um fazer artístico profissional e autosustentável é necessário o desenvolvimento de outras frentes de trabalho também. O movimento cresce, mas precisamos entender, como nós, mesmo que não seja como palhaços, podemos contribuir para isto, afim de fortalecermos- nos em sentido duplo: fortalecimento do movimento - o que implica em crescimento de espaço e frentes de trabalho para nós; e fortalecimento individual enquanto profissional, independentemente da área de atuação.

Nosso movimento para ganhar mais corpo, já não precisa única e exclusivamente de palhaços, mas, além de palhaços, precisamos de irmãos que possam estar registrando as ações (fotos e vídeos), fazendo cobertura de impressa e assessoria (construir textos para dispor à mídia), confeccionar cartazes (digitais para circular na net), construir blog e site... Enfim, começarmos e ver quais as competências que temos além de sermos palhaços e, nos propormos a contribuir com elas também - e somos diversos irmãos palhaços com múltiplas competências. 

Isso, se nós lançarmos a dizer onde podemos atuar, só beneficiará a nós mesmos. Entre nós, existem diversos artistas estavelmente inseridos no contexto artístico de nossa cidade, em outros tipos de atuações e que muitas vezes estão sem profissionais qualificados para certas funções por desconhecimento de tais profissionais. 

A nossa profissionalização e fortalecimento passa pela função social e educativa da nossa arte. Estamos concebendo que o palhaço é um grande Educador Social com um poder e um alcance incrível. O palhaço tem um poder incrível e uma possibilidade de função social enorme (vide Palhaços sem Fronteiras, Doutores da Alegria etc.). Considerando tantas possibilidades é que propomos nos mobilizar para fazer uma associação e efetivamente nos organizarmos em comunidade solidária, fortalecer os vínculos e não obedecermos às lógicas capitalistas que nos individualizam.

Queremos partir da classe palhaçal, porém temos que aceitar os artistas em geral. Considerando também que queremos inclusive aceitar a arte de viver com a natureza. Assim a nossa associação deve ser de arte e ecologia. Vivemos num planeta cheio de problemas, beirando ao colapso. A arte é uma ferramenta muito poderosa para ser resumida em mais uma tratamento de auto-ajuda ou de trampolim para vaidades pessoais, ou grupais. Devemos considerar que estamos pisando numa realidade e que nossa arte age e tem o poder de agir sobre essa realidade. Afinal não podemos esquecer que estamos com o Pé na Terra.

5 comentários:

  1. Parab'ens pela nova roupagem o blog ta muito mais bonito. Acho que uma reuniao presencial deixaria mais claro a funcao do todo e de cada um em tudo isso.

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  2. Thiago Enoque Sabiá28 de julho de 2010 às 10:20

    Entendemos a importância da reunião presencial, e é justamente pra isso que existe o movimento. uma ação mais pragmática, quer quiser colar e chegar junto, vai ter a possibilidade de estar reunido com outros e aí, se interar. só na lista do abre rodas somos mais de 50! como reunir a todos. o movimento está criado e se segue e se cresce! outras demanda de ação surgirão. mensagens continuarão a circular, mas somente quem estiver próximo do movimento saberá de fato qual direção tomar. os demais, estarão informados!
    axé
    Sabiá

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  3. Um superinteressante essa ideia. Como posso saber mais do movimento e ajudar e me ajudar?

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  4. Gostei do blog.
    nem sabia do grupo.
    Legal! =D
    só achei que os post estão enoooormes. dá preguiça de ler.
    bjo

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  5. Oi Pedro,
    se te interessar mande o seu imeiu que lhe add na lista do movimento!
    Lú, de fato os post estão grandes, mas é se o blog tem funcionada como espaço memorial, onde postamos desde relátos à ações que estamos realizando ou iremos realizar. quem se interessar, assim como vc, irá ler com carinho e procurar saber ainda mais. trata-se de não pecar por falta de informação. cada um poderá ir até onde quiser em suas leituras, o que não quer dizer que todos os post serão desta dimensão! rsrsrs
    obrigado a ambos pelos comentários.
    axé
    Sabiá

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