fotos by Arjuna Iúa
Essa semana que passou tivemos a oportunidade de receber um artista que está viajando de São Paulo para o Nordeste do Brasil de bicicleta.
Prontamente , em contato nas redes sociais, através de outros amigos, do MAR de Palhaços, movimento que a Cia Pé na Terra faz parte, pudemos oferecer estadia.
O processo de trocas foi incrível. Rafael Trevo, o palhaço Trevolino (http://vimeo.com/68211876)compôs a programação no Parque de Pituaçu do nosso projeto PéDe Circo no Parque.
Com essa vinda dele ficou muito clara a razão de ser da arte em nossas vidas. Aquelas reflexões que a gente tem quando nosso cotidiano sai da inércia sabe?
Sempre tivemos uma relação com a arte que vai além do espetáculo. Mas de que espetáculo estamos falando? Do espetáculo que o capitalismo criou para a vida da sociedade de consumo. Daquele espetáculo em que tudo se encontra pronto para ser consumido e que gera uma cultura em que o consumidor só é ativo no ato de consumir, e se prostra diante dos produtos da sociedade industrializada.
A sociedade do espetáculo evoluiu de tal maneira , com apoio da TV que hj é o máximo de passividade humana chega no pensar. Não pensamos, não criamos.
A criatividade não é bem vinda na sociedade do espetáculo. O resultado é que vivemos uma vida vazia, cheia de aparência espetacular, mas sem essência real que corresponda.
A Cia pé na Terra sempre foi um projeto de vivenciar o palhaço no cotidiano, por isso fizemos o PéDe Circo no Parque.
A ação de enraizamento do artista de rua no espaço público passou a fazer sentido quando passamos a viver o cotidiano do território que atuamos e passamos a gerar outras interações como personalidades locais.
Com a passagem de Trevolino por aqui pudemos avistar outra maneira de vivenciar uma contra-sociedade do espetáculo. O cara vem viajando de bike, seguindo o pulsar de seu coração. Fazendo arte de rua e conectando com as pessoas.
Logo pude perceber a complementariedade do processo entre nós. Sedentários e nômades podem juntos construir outra sociedade.
A terra é sedentária, a pedra é sedentária. A água de uma lagoa é sedentária...
O vento é nômade, a água de um rio ou cachoeira é nômade...
Compomos juntos um mesmo projeto, ele passando de bike, parando aqui, trocando com a gente. Nós fomos ponto de apoio e isso nos deu prazer porque o nômade traz algo em sua experiência que é intangível.
Um universo de possibilidades se formou no encontro e descobrimos que esse é o sentido do PéDe Circo no Parque, e a consciência veio quando conversávamos descontraidamente, trocando idéias sobre a função, sobre o projeto PéDe Circo, sobre o MAR de Palhaços, sobre a viagem, a arte de rua, o palhaço e a rua...
E Trevo disse assim "venho percebendo que o mais importante são as pessoas e não os lugares!" e tudo fez sentido para nós. Esse é o sentido.
na sociedade do espetáculo as pessoas são a coisa menos importante. O mais importante é o produto, o resultado, a imagem, a aparência.
Com a arte, sendo aqueles que enraizam, ou aqueles que viajam por aí, estamos criando conexões, estamos focando e atuando para pessoas. E esse é o sentido da coisa.
O importante são as pessoas!!!